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Tingir o cabelo é o mesmo que retocar o autorretrato?

Atualizado: 27 de abr. de 2018

Colagem com estudos de Francis Bacon para retrato de George Dyer, 1964

Francis Bacon foi um artista britânico do século XX movido pelo tema do corpo humano. Por volta dos 50 anos de idade, passou a pintar autorretratos. Mas a razão de trazê-lo para uma conversa sobre cabelos brancos não se deve apenas aos seus quadros com rostos deformados, frutos da liberdade que sentia para pintar o que via, sem se preocupar com a similaridade da fisionomia. Sobre isso, abrimos parênteses para afirmar que ele estava certo, pois, se prestarmos atenção, um rosto é sempre instável, mutante, diferente. Bacon está presente neste post também porque, na década de 1970, chamou a atenção de todos por retocar a raiz de seus cabelos com graxa de sapatos. Talvez sua irreverência no trabalho artístico não tivesse sido suficiente para assumir os cabelos brancos, mesmo a sociedade sendo tolerante com os homens. Ou pintá-los com graxa seria um ato rebelde?

Foto do pintor Francis Bacon em seu ateliê em Londres, por Carlos Freire, 1977

Realmente, a queda de produção de melanina abala a autoimagem de qualquer mortal, principalmente porque a ideia de cabelo grisalho está socialmente ligada ao envelhecimento, o que é um mito. Eu, por exemplo, fiquei grisalha precocemente por questões genéticas e tinjo meus cabelos desde os 26 anos. Um sacrifício! Acabei desenvolvendo alergia à química das tintas e, dependendo da marca, eu sinto o couro cabeludo queimar, e a pele em contato com a tinta fica muito irritada. Já me disseram que é por causa de uma tal PPD, também conhecida como para-fenilenodiamina ou p-fenilenodiamina. Mas a gente pode criar outros significados para a sigla, já que a letra P ajuda (risos). O que me resta é ir atrás dos produtos hipoalergênicos e encarar o retoque das raízes duas vezes por mês para garantir que ninguém me chame de desleixada. Isso mesmo! Infelizmente ainda é esta a fama das mulheres que, sem estilo marcante, deixam os fios brancos crescerem livremente.



Na contramão dessa escravidão e defendendo um estilo de vida autêntico, tem surgido um movimento de mulheres que assumem suas madeixas brancas, provocando uma mudança de atitude diante dos fios despigmentados. Minha cunhada, algumas amigas e atrizes que fazem parte dele são autoconfiantes e charmosas.

Elas podem tudo e eu as reverencio, mas até agora não tenho coragem de participar do grupo. Não consigo ficar tão avant-garde. Ainda estou presa à ideia de parecer jovem, mesmo que com rugas iminentes e gengivas em franco recuo (risos).


Os hormônios caem, mas a esperança para quem quer aparentar juvenilidade aumenta. Muitas mulheres aderem a tratamentos de beleza que dão ao rosto luminosidade, uniformidade, volume e contornos definidos mesmo depois da meia-idade. Também há soluções para pescoços, mãos, seios e tudo mais que esteja saindo do prumo após a virada do Cabo das Tormentas. Hoje podemos atenuar sinais típicos da idade sem entrarmos na faca. Mas, quanto aos cabelos, existe algo mais moderno que a tintura? Felizmente já anunciaram a descoberta do IRF-4, gene que altera a cor do cabelo, isto é, o responsável por fazer o folículo piloso perder a cor. Quem sabe nossas bisnetas terão acesso a medicamentos que evitarão ou retardarão a chegada dos cabelos brancos? Se isso tudo acontecer, elas também poderão se livrar dos aplicativos para retocar os selfies. Dois em um e bem mais prático que graxa de sapatos!



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