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Sobre Virgínia Woolf, o Sol, e Suas Prosas Poéticas, o Peixe



A importância de Virginia Woolf (1882-1941) como escritora de romances, ensaios críticos, relatos e cartas é inquestionável. Classificada como modernista e considerada uma das criadoras da técnica literária do fluxo de consciência, ela ocupa hoje lugar no cânone da literatura universal. Contudo, sua popularidade mundial se deu num crescente, após sua morte e a partir dos anos 1960, quando ficou mais exposta ao grande público pelo filme Quem tem Medo de Virginia Woolf? (EUA, 1966), uma adaptação da peça teatral homônima escrita pelo americano Edward Albee.

Cena do filme Quem tem Medo de Virginia Woolf? (EUA, 1966)

Curiosamente, Albee não traz a escritora como personagem, mas como figura imaginária, referindo-se às mulheres que se destacam intelectualmente, politicamente ou de qualquer outra forma como figuras ameaçadoras que nem o lobo (wolf) da cantiga infantil.

Uma das montagens da peça de Edward Albee, que originalmente inspirou o filme.

Obviamente, esse medo não era da mulher nascida na segunda metade do século XIX, mas das ideias à frente do seu tempo que ela deixava fluir nos textos que escrevia, principalmente as manifestadas no ensaio “Um Teto Todo Seu” (1929) e em outros sobre temas feministas e lésbicos. Virgínia deixou uma produção intelectual enorme e, entre seus romances, destacamos O Quarto de Jacob (1922), Mrs. Dalloway (1925), Ao Farol (1927) e Orlando (1928).

Virginia Woolf interpretada por Nicole Kidman no filme As horas, de Stephen Daldry (2002)

Poderíamos escrever muito mais sobre Virgínia Woolf, mas nenhuma tentativa de nossa parte seria tão bem-sucedida e sincera quanto a visão da jornalista e tradutora Stephanie Borges sobre a autora e sua obra. Por isso, optamos por deixar seu texto acessível (leia-o aqui) e abrir espaço para tratarmos de outros olhares sobre Virgínia.

Nesse sentido, escolhemos o livro O Sol e o Peixe, uma coletânea de ensaios selecionados e traduzidos por Tomaz Tadeu, catarinense que mora no Rio Grande do Sul, e publicado pela Editora Autêntica, de Minas Gerais. Foi amor à primeira vista e a constatação de que a expressão "não julgue um livro pela capa" é uma falácia. "Que edição caprichada!" foi o que nos veio à cabeça quando pegamos em sua capa dura em certa tarde na livraria. É verdade que o título nos trouxe a tensão do "nunca ouvimos falar", mas ela foi rapidamente aliviada pela leitura de capas e abas. Esse também é o título do último ensaio. Estávamos perante um mimo, como o próprio nome da coleção, justificado num texto tão primoroso quanto a prenda. Irresistível não transcrever parte dele.

Segundo o organizador, “um mimo é um dom. Uma dádiva. Um agrado. Uma graça. Um mimo não é nada. Mas pode ser muito. Não tem cálculo. Nem intento. Não é pensado. E, contudo: escolhido a dedo. Um mimo é generoso, gentil, delicado. Uma joia rara. São livros desejáveis. Bons de se ver e de tocar. Com textos que descem bem, como um bom vinho tinto. Bons pra degustar.”

Diante do fascínio, fomos atrás de quem assinava a tradução e tinha selecionado os textos de Virginia Woolf. Seria o mesmo Tomaz Tadeu dos estudos de Currículo da época do mestrado em Educação de nossa editora? Em casa, pesquisando no site Escavador, entendemos que sim. O Ph.D. pela Stanford University, que atua na área de Educação com ênfase em Teoria do Currículo e Estudos Culturais, também gosta de Literatura. No site da editora, mais referências biográficas: "ex-seminarista, ex-católico, ex-marxista, ex-tudo, tem como lema um verso de Jacques Brel: mais avec élégance". Pelo bom gosto geral, deve ser um homem elegantíssimo!


Continuamos correndo os olhos no livro e caímos na apresentação com explicações sobre a seleção dos ensaios. O critério foi destacar de sua obra de não ficção, os textos mais literários, os mais próximos daqueles que ela produzia no campo da ficção. Conseguiram juntar nove, sendo alguns deles prosas poéticas, publicados três a três, sob os temas "A Vida e a Arte", "A Rua e a Casa" e "O Olho e a Mente". Perfeito! Depois de comprar o livro, restou-nos apenas uma dúvida: como o leremos? De cabo a rabo ou ziguezagueando? Resolvemos pensar nisso depois de ler o primeiro ensaio.


foto do blog Universo dos Leitores

Destacamos dois textos: "A Pintura", por sermos apaixonadas pelas artes e nos sentirmos tocadas pelo paralelo que Virgínia Woolf fez entre escritores e pintores, e "Anoitecer sobre Sussex: Reflexões no Interior de um Automóvel", prosa poética refinada, da qual copiamos o início sublime, com o intuito de reverenciarmos a elegância de sua escrita:

"O anoitecer é generoso com Sussex, pois Sussex não é mais jovem, e se mostra agradecida pelo véu do começo da noite, tal como uma mulher mais velha fica feliz quando uma lâmpada é coberta por uma pantalha e de seu rosto resta apenas o contorno".

As reflexões de Virgínia provocam as nossas. Vimos com Stephanie Borges que cada leitor pode ter sua experiência lendo os textos dela. Tomaz Tadeu, ao selecionar peças reverberantes da obra da escritora inglesa, nos mostrou que as experiências de leitura podem se transformar em livros que provocam outras experiências de leitura e assim por diante. Enfim, o ato de ler Virgínia Woolf não é estático, pois seus textos são plurais em sentidos e significados.



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