top of page
  • Instagram Camenas
  • Facebook Camenas
  • Twitter Camenas
  • Rádio Camenas

Basquiat: Remix Multirreferencial em Forma de Pintura



Nascido e criado no Brooklyn numa época em que os bairros do distrito de Nova York não haviam sido povoados pelos chamados hipsters, Jean-Michel Basquiat (1960–1988) foi um grande expoente da arte contemporânea. Responsável por representar o espírito da Nova York das décadas de 1970 e 1980, o artista conseguiu mesclar críticas políticas, cores vibrantes e uma iconografia particular em obras que, ainda hoje, não param de angariar admiradores.



Uma amizade conturbada com o famoso Andy Warhol, um breve namoro com uma Madonna antes da fama, aparições em programas de televisão, exposições pelo mundo inteiro, viagens, punk rock, “primitivismo intelectualizado”, heranças familiares haitianas e porto-riquenhas, uma tentativa de ter uma banda com o até então desconhecido Vincent Gallo, jazz, super-heróis, máscaras africanas e um constante uso de drogas foram alguns dos curiosos fatores que embalaram a peculiar existência do artista. Como um remix multirreferencial em forma de pintura, Basquiat absorveu o mundo a partir de diversos ângulos — e depois regurgitou tudo com o seu toque pessoal, autêntico e autodidata.



O enaltecimento de figuras negras importantes era constante em seu trabalho, o que servia para apontar o pouco espaço na sociedade para quem não tivesse a pele branca, tornando os esportes, o entretenimento e a música as principais áreas de destaque disponíveis. Ainda atual e simbólico, Basquiat criou um trabalho rítmico, fragmentado e cheio de detalhes descentralizados — como é a vida e, principalmente, a mente jovem quando inundada de informações.


Tudo começou em 1977, quando Basquiat e o amigo Al Diaz decidiram grafitar prédios de Manhattan com a sigla SAMO — abreviação de Same Old Shit — e frases enigmáticas.


Um de seus primeiros gratifes usando a sigla SAMO (same old shit). Este dizia: "A velha mer*a de sempre, como um ato inapropriado"

Isso gerou uma certa curiosidade, que logo perdeu a graça quando ganhou atenção midiática. Contudo, alguns conhecedores de arte destacam que Basquiat não era um grafiteiro de fato, mas alguém que possuía afinidade artística com esse tipo de expressão. Com o tempo, o artista passou a se dedicar principalmente à pintura, deixando um legado de cerca de 1500 quadros e milhares de desenhos.


Na década de 1980, Basquiat se consolidou como um artista com linguagem própria, cujo domínio da tela e das técnicas era evidente. Ele utilizava materiais simples, como papel comum ou cópias reprográficas, em suas colagens. A inspiração que veio do livro Gray’s anatomy, um presente recebido após um acidente sofrido na infância, esteve sempre marcada nas suas representações de imagens humanas, que trazem também um tanto dos estudos de Leonardo da Vinci. Num balaio caoticamente organizado, suas referências incluíam até mesmo desenhos animados.


A carreira de Basquiat, interrompida por uma morte precoce causada por overdose de heroína, foi curta. Durou menos que uma década. No entanto, foi intensa e meteórica, conquistando rapidamente o reconhecimento da crítica e contrariando a sorte de muitos artistas, principalmente os negros. Muitos entendiam que existia nele um talento notável, e isso era um sentimento compartilhado por galeristas, colegas da área e críticos de arte. Porém, alguns acreditavam que ele pudesse ser um mero produto do mercado, com um prazo de validade definido.



As apostas de fama breve não se concretizaram. Basquiat, mesmo depois de morto, mantém-se como um ícone e, a cada ano, ganha mais e mais destaque. No ano passado, por exemplo, uma de suas obras foi vendida por um preço recorde e controverso: mais de 110 milhões de dólares. E, neste ano, o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) trouxe uma retrospectiva do seu trabalho para o território brasileiro. A exposição intitulada “Retrospectiva Jean-Michel Basquiat” já esteve em São Paulo e ficará em Brasília até 01 de julho, seguindo depois para Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Nela, estão expostos 80 trabalhos, entre telas, desenhos e gravuras, que passaram pelo crivo do curador holandês Peter Tjabbes.



O acervo pertence à família de um industrial de origem síria que mora em Nova York, um megacolecionador que também possui obras do pintor pop Andy Warhol. Para Tjabbes, Basquiat está, atualmente, inserido na história da arte como um dos grandes artistas da segunda metade do século XX, e isso, segundo ele, “acaba se refletindo em grandes exposições”, como as que aconteceram no ano passado em Nova York, Milão, Roma, Londres, Frankfurt e Paris.


 


JEAN-MICHEL BASQUIAT – OBRAS DA COLEÇÃO MUGRABI

no Centro Cultural Banco do Brasil


Brasília: até 01/07

Belo Horizonte: 16/07 a 26/09

Rio de Janeiro: 12/10 a 08/01/19



Comments


Saiba mais

Bem-vinda ao Camenas, seu clube de inspirações literárias e reflexões  maturadas na arte e no bom humor

Vem que tem
  • Instagram Camenas
  • Facebook Camenas
  • Twitter Camenas
  • Rádio Camenas
Entre no clima

com trilhas especialmente compiladas para seus encontros com você

Leve um mimo

Leve agora nosso exclusivo Coffee Book de cortesia por sua visita!

bottom of page